Poemas de acampamento
Este espaço é dedicado, majoritariamente, aos poemas e pensamentos que escrevo em outro idioma. No entanto, considerando a ocasião especial que me cerca, vou abrir uma ressalva e publicar quatro poemas que escrevi nos últimos dias. ( :
Não sei mais
E o que são esses retratos tortos
que você pendura na parede
como prêmio dos mortos?
Eu não saberia dizer
do que sinto mais falta
Se é do ponteiro do relógio
ou da falta de pontualidade
desse amor fugitivo
Licantropo
Desnudo em sabotagens
Indecentes
. . .
Sombras atrevidas
Reflexos sombrios dançam na parede
Um espetáculo para dois ou três pagantes
Os atrevidos, intrépidos, esvoaçantes
Que se apegam aos mínimos detalhes
Da própria insônia
Bebem, sorvem, comem
A volição premente
. . .
Fossilizados em âmbar
Uma placa de vidro
Tombada por terra, mar, ar e éter
Nos separa de nossas quimeras
Somos o outono um do outro
Encerrados na assimetria
De identidades fixas
Guardados nas folhas vermelhas
Destoantes, travessas
Cristalizados no âmbar
Insetos jurássicos fossilizados
Queimados pelo ferro quente
Da ilha onírica
Tecida teia por teia
Por cada uma das ninfas
. . .
O melhor lugar da casa pertence à lembrança
Há muitos e muitos anos
Eu não olho para os trilhos
Desse trem que não retorna
Perdi a coragem, admito
De sentir a dor no fundo do peito
Ao saber que você não vem
Pode parecer tolice
Mas nem mesmo a maçã que seguro
Apertando entre os dedos
É tão desejadamente real
Tão inabalavelmente doce
Quanto a lembrança
Que vive em minha mente
Habitante de uma casa mal assombrada
Rodeada de lagartos, fantasmas, ventos gelados
Mas que guarda uma lareira acesa
Junto aos lençóis recém-passados
E uma cama confortável
Sopa quente, quadros pintados
Para você
Querida, amada, sempre bem-vinda
Lembrança