O fantasma da casa verde
A casa verde
Onde mora o fantasma
Tem o nome de um monge
De crenças enraizadas
Valoroso tradutor
De memórias que fenecem
Transforma em mortais
As estrelas que emudecem
A escriba sem nome
Senta de olhos vendados
Bem no epicentro
Da lua que se apaga
E a velha história
Vai sumindo como pó
Imagem por imagem
Como alguém que morre só
A casa verde
Abriga um fantasma
Que gosta de jardins e montanhas
E vive de poucas salas
Separada pelo abismo
Da distância calada
A escriba tece a trama
De memórias veladas
O prato preferido
A cor que ainda fala
Uma mente muito rápida
Histórias disfarçadas
De quem nasce com a serpente
Pisa em brasa quente
Trabalha além da mente
E some com as garças
Voando no céu de dezembro
Sem deixar qualquer pegada
A escriba acena um adeus
Desejando uma boa jornada