Flutuação sutil de uma mudança perpétua
Cada pedaço de folha rasgada
É uma fatia de carne coronária
Cada fotografia apagada
É uma corrida contra o tempo
De um mundo sem tempo
A flor que brota na terra do presente
Precisa de água corrente
Para perfumar os cantos de outrora
Dizendo adeus às bandeiras bélicas
Amores e ódios de guerra
Que já não existem mais
Dissolvidos na combustão espontânea
De antigas dores em chamas
Como nossas sementes lançadas
Em um campo de luas
Uma pequena fresta luminosa
Inflama seus olhos de gato
Deliciosamente escuros
Escondidos no próprio céu
Guiado pelo reflexo dos seus óculos
Esconderijo de muros
De sussurros
Das flores e seus travesseiros
De jardins submersos
No oceano de correntezas ilimitadas
De 12 de setembro de 1987 para 30 de setembro de 1990.